É inegável que a pandemia impactou a área de compras de empresas de todos os segmentos. Entretanto, os desafios para aqueles que atuam no setor de transporte foram ainda maiores. Afinal, enquanto todos estavam em casa, ele foi o responsável por continuar movimentando o e-commerce e, também, abastecendo supermercados, hospitais e outros serviços essenciais. De acordo com um documento da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), em 2021, o preço dos insumos fechou com alta de 18% no preço da carga fracionada. Vale lembrar que, no mesmo ano, a inflação ficou em 10,06%.
Mas esse dado é apenas um dos muitos que mostram como a área de compras do setor de transportes foi afetada pela crise. Mesmo que 2022 tenha tido bons números em relação aos postos de trabalho, os profissionais de suprimentos seguem tensos frente ao valor do diesel, dos implementos e da manutenção dos veículos.
Porém existem estratégias que podem auxiliar os compradores a manterem tudo dentro do orçamento. Neste artigo, mostraremos algumas delas. Acompanhe!
Na área de compras, gerar Saving é sempre o objetivo. Entretanto, muitos negócios precisaram deixar essa premissa de lado por conta de um problema muito mais grave: a falta de produtos. A prioridade, então, passou a ser assegurar o fluxo de compras e reposição dos itens necessários. Contudo o fato é que a pandemia não foi a primeira e nem será a última crise com as quais os compradores terão que lidar.
Desse modo, se os profissionais ainda não começaram a atuar com estratégia, ficarão muito mais suscetíveis ao impacto de quaisquer outras adversidades. A seguir, trouxemos 4 ações que podem ajudar a superar esses desafios.
Há um tempo, cada departamento de uma empresa atuava quase que de maneira isolada. Mas a chegada da Logística 4.0 veio para mostrar como os negócios perdem ao não encararem todos os processos de maneira holística. Isso quer dizer que todas as atividades estão interligadas e têm impacto umas sobre as outras.
A área de compras é onde isso se mostra de modo bastante claro. Em uma transportadora que conta com frota própria, caso esse setor não esteja alinhado com o de manutenção, por exemplo, os veículos podem ser impedidos de pegar a estrada por falta de insumos. Já no caso dos embarcadores, a compra de embalagens é um ponto crítico e que pode comprometer as entregas.
Diante de um cenário tão volátil, o planejamento de compras ganha ainda mais destaque. Com escassez de produtos junto a alguns fornecedores, pensar em compras programadas tem um grande impacto não apenas na manutenção do fluxo, mas também no preço final do transporte. Afinal, quando há baixa previsibilidade de demanda, deve-se considerar o fator de risco que incidirá no valor.
Planejar é importante em qualquer setor de suprimentos, mas no setor de transportes é relevante, especialmente, para as transportadoras e embarcadores que contam com frota própria. Isso porque quanto mais detalhado for o planejamento de compras e mais alinhadas estiverem as demandas com os parceiros, melhor será o aproveitamento dos veículos.
Alguns segmentos são dependentes de mercadorias estrangeiras e, nem sempre, dá para regionalizar o fornecimento. Só que, frente à sucessão de eventos que acontecem desde de 2020 ― pandemia e crise na Ucrânia, apenas para citar os mais expressivos ―, foi preciso repensar as estratégias e negociar nacionalmente tudo aquilo que for possível.
Essa é uma forma que vem sendo bastante explorada na busca por proteger o supply chain do setor de transportes. Até porque já é possível contar com marketplaces para compras corporativas, que facilitam o desenvolvimento de novos fornecedores. Assim, mesmo que não dê para encontrar tudo por aqui, é bom priorizar o abastecimento nacional sempre que possível.
A área de compras do setor de transporte passa por um problema comum a de qualquer negócio. Por não ser parte do core business, recebe menos investimentos em tecnologia e acaba lidando com processos defasados. Gerenciar os fornecedores, acompanhar o Lead Time e realizar outras tarefas essenciais para a estratégia ficam em segundo plano, uma vez que as compras, em si, são a prioridade do setor. E enquanto os profissionais continuarem sobrecarregados com processos de compras operacionais, a produtividade seguirá sendo prejudicada.
Além de automatizar boa parte do fluxo, a tecnologia também permite avaliar os fornecedores e centralizar as informações em um só local. Dessa forma, os profissionais de compras podem se dedicar às análises e previsões, muito mais estratégicas e relevantes para o setor de transportes.
Para complementar sua leitura: E-procurement: quais as tecnologias disponíveis hoje em dia para área de suprimentos
Sabemos que nem tudo é previsível quando falamos na cadeia de suprimentos. É exatamente por isso que ter uma cultura analítica, onde as decisões são embasadas em dados, é tão importante. Acompanhar o mercado, nacional e internacional, o histórico dos fornecedores com os quais se negocia e instituir uma política de gestão de riscos podem ser a chave para superar muitos desafios. Mas, para alcançar isso, é preciso começar pela digitalização de processos. Assim, cria-se uma base sólida dos registros para que os compradores possam acompanhá-los de perto.
Se você atua na área de compras do setor de transportes, sabe bem que os desafios são muitos. Como pôde ver, começar a atuar com estratégia pode ajudar a driblar grande parte deles. No artigo “Futuro do supply chain: em que devemos ficar de olho nos próximos anos?”, você confere alguns pontos de atenção para o setor de transportes. Boa leitura!